sábado, 25 de fevereiro de 2012

Carrossel dos sonhos


Estranho o caminho em que me encontro...
Sempre vi luz, agora não.
Só os discos de cor que alumiam
A treva e a escuridão.

Findo la carretera:
Circo encontro enfim.
Seus encantos e harmonia
Bastam para cessar meu antigo pranto
E sossegar a criança que há em mim.

Passei por trilhas tortuosas
Para saber do meu destino,
E agora encontro-me aqui:
Perdido, tranquilo.

Embarcarei no carrossel dos sonhos
E aguardarei meu fim.
Definhando em um mundo bom,
Pelo menos a alegria
Abastecerá o encanto
Que preciso para não deixar de existir.




Título por Rodrigo Vasques

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chuva forte


Cai chuva:
Lenta, fria, resplandescente.
Bate forte:
Pulsa em mim, esfria o sangue ardente.

Molha o que tanto tempo quedou seco,
Molha e amolece esse duro coração.
Só assim essa dor,
Guardada há anos-mil aqui bem dentro,
Dissolverá em rios ardentes.

Essa tremenda dor
Abrirá caminhos por baixo da terra,
Alimentará seu longíquo núcleo
E calará que mais tenho em mim,
Que mais roubei de ti.

Perdão líquido que jorras em mim nesta hora,
Diáfano sentido recobrindo tantas feridas,
Abrí meu coração!
E fazei este ser frio de sangue ardente
Finalmente pessoa virar
E em brados frágeis
Nunca mais a ti machucar.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fusão bailante


Alegria da dança.
Vejo dois jovens tão felizes
Entrelaçando-se e separando
Numa frenesi hipnótica;
Paro a uma distância
A admirar aquele fresco ritmo,
O alegre badalar.
Em um sopro
Dum vento não-tão-distante
Minhas duas fitas bailantes
Chocam-se numa batida una,
Olham-se
Beijam-se
E desde ali
Não vi jamais aquelas duas fitas
Mas uma coisa só

A fusão dos amantes bailantes,

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Adeus

Dias felizes: Abismo do sal.
Água que corre, peito que jorra,
Coração liquefeito.

Um "adeus" não é suficiente
Quando alguém se vai.
Quando a culpa abate,
Pobre travesseiro,
Não se deixa em paz.

Hoje sem ti

Desanuvio este pobre sentimental
Ao escrever carta para você.
Agradeço cada parte de seu ser
E a felicidade de ti, ao lado ter tido.

Sem hipocrisia, senti o gosto da amarga tristeza,
Mas preciso ser forte,
Meu casco apóia grande causa.

Como a vida é fugaz,
Como seu fio está fragilmente preso,
Como sua presença
Deixará um grande vazio...
Jamais ocupado,
Jamais ocupado.

Acredite no que escorre de mim
Meu anjo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Só mais uma volta



Estrelinhas nadam em meu redor,
Anjinhos mostrando onde devo ir.
Sigo o rumo da estrada iluminada
Fora dela, só escuridão.
Com os sininhos dos anjos modero meus passos
Até chegar em um destino nem-tão-vão.
Onde será que me levam?
Que me espera de lá?
Não importa, nada me importa.
Pois o que soa fora de mim
Despende-se do luar;
Meu belo e precioso luar.
Enquanto me guiar,
Não temo em delírio sufocar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vontade de escrever até serrar a ponta dos dedos. Afinal, o que escreve é a mente. O físico é o físico.
CRSASHH.
Fecho os olhos
Vejo o seu lindo rosto
Lágrima desce
Saudade imensa de você
Meu coração fica triste
Ao perceber que não existe
Essa paixão forte
Que apenas me iludiu
De um amor
Que jamais existiu.



F.A.A.J.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Diário de Dagmar - pte. 2

Ingratidão


Por uma solitaria e triste estrada
Caminhava descuidada certo dia
Quando avisto pouco ao longe uma figu
Que para mim se dirigia.

Uns andrajos o corpo lhe envolvia
Um pavor no semblante se notava
Em seus labios o riso se não via
Nem nos olhos o brilho centillava.

Essa figura triste e macilenta
Que a magra mão a todos estendia
Em vez de bemdizer guardava
Com um sinistro punhal agradecia.

Quem és, e por que assim procedes?
Não te lembras de Deus? Judeu errante
Não sabes de outro modo agradecer
Senão dessa maneira horripilante?..

-Não! E um riso de cynismo
Deixou nos brancos labios percorrer
-Ate com Deus eu assim ja procedi
E assim eternamente heide viver...
-Pago o bem com o mal e das maozinhas
Do inocente que beija eu tiro o pão
Recebo um pavor logo me esqueço
-Mas quem és tu?
Eu sou a Ingratidão.

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Linguagens dos beijos


Dizem que o beijo na mão
Fallam de amor e respeito!
Nos olhos dizem paixão
Quando são dados com geito

Nos cabellos – incerteza
Ciumes queixa e dor
Na testa dizem pureza
Na face fallam de amor

No queixo só fingimento
São dados de má vontade
Em vez de gozo é tormento.
Nos braços liberdade

Nos dedos indiferença
No pescoço muito ardor
São beijos cheios de crença
São beijos de muito amor

Na boca minha querida
São dados de coração
Dizem tudo nesta vida
Amor, ciumes e paixão

Passarinho



Passarinho na minha cabeça
Pia a pura e clara paixão,
Voa alto, enviesa
E leva pra lá solidão.

Voa n’ampla mente qu’o abriga,
Saca pensamento vão.
Bate asa, arrepia
E leva pra lá solidão.

Vez ou outra ele sai,
Acha a fenda, pede perdão.
Mas jamais se esquece
De levar pra lá solidão.

Pia pia; pés ao chão.
Bate a asa, bate o vento
E sempre volta co’a canção.