segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O início ...de novo


Primeiro dia de aula: Tensão, ansiedade, rejeição, ânsia, angústia...
Inúmeros adjetivos o resume.
"-Manhêê, não quero iiir; vem comigo!!"
Quem nunca disse essa frase ao menos uma vez na vida?
Pois é, ensino médio concluído, lágrimas derramadas pelo leite que não volta mais à vasilha, sentimento de falta e a real e insistente vontade de criar uma máquina do tempo (pena que já prometi não ser a primeira a utilizá-la... Após a confusão de um menininho do jardim B, que achou que eu era uma cientista, prometi que ele seria o primeiro a usufruí-la após concluída) e se transportar para épocas as quais as únicas incertezas eram quem seriam seus colegas, naquela infinidade de conhecidos da escola, e do lado de quem sentar no primeiro dia. Pois é, universo novo, gente desconhecida, veia do destino que eu mesma optei e começo a traçar.
Até agora tudo tranquilo, apesar da profunda TPT -tristeza-pós-traumática- de não ter passado na faculdade federal, mesmo com muito esforço e estudo, por causa da enorme concorrência.
Descubro: não há trotes para onde eu vou. COMO LIDAR? .--. Justamente o que estava me distraindo um pouco, ao me fazer pensar em como seria e como eu me divertiria comendo algo estremamente esquisito ou colorindo todo o meu corpo ou fazendo qualquer outra coisa de descontração que as universidades propõem.
Well, se não fosse o que eu amasse que estivesse fazendo (arquitetura), a infelicidade seria maior. E ainda maior, talvez, se não soubesse que caminho seguir na nova fase de escolhas unicamente pessoais. Sorte que eu sempre tive o apoio da família para fazer o que eu quisesse da vida, ainda quando eu teria que me mudar ao pensar em fazer biologia marinha, ou talvez não ter emprego, quando desejei ser bailarina clássica profissional ou artista plástica.
Enfim, a vida foi me guiando pelo rio que eu mesma traçei, e suas divisões, a cada escolha que eu faço, se estreitam mais. espero que esse caminho não precise ser voltado, que não esteje nadando contra a correnteza.
Boa sorte a todos que começarão suas aulas e aos que ainda não sabem o que querem!!

Besos.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Uma roseira em meu jardim


Do ruído venenoso do espinho da rosa
Ao roçar-se sob a pele lisa,
Abre-se a porta para o etéreo.

Sacrifico a ponta de meus dedos,
O poço de minha alma,
Mas me retribui com uma carícia.

O embriagado carinho de um ser inerte
Que jorra veneno de suas asperezas, hoje não.
Hoje, é apenas um toque
Do sulco da melancolia
Regado de toda a delicadeza
Que inebria a tarde menos receptiva
E é capaz de circundar
Dois universos em um.

Ó, delicado espinho, delirante espinho,
Por que não me tiraste a vida?
Entorpece os meus sentidos,
Vira anestesia,
Mas confunde num quintal com cheiro de canela.

Mesmo ao tentar livrar-se de mim,
Contrariando sua existência tortuosa,
Não esconderei meu coração.
E, quando estiver pronto, não exite:
Crave-no em cheio
Seu gume mais mortal.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sentido da vida

Decepando os pensamentos,
Um a um.
Destampando os côcos
Quem sabe um dia
Um biscoitinho da sorte
Não me revela o segredo da vida?!

Seja a minha maçã.
A epifania de viver
E a alergia a morrer
Sem uma única razão.

Fumaça espessa
Que encobre o vidro,
Acabe com minha
Razão sem sentido.

Dissolva meu Einstein,
Traga-me a lisergia.
Não deixe minha vida
Ser só melancolia.

Acabe com a dor
Da busca da razão.
A vida não é só ciência,
É viver com emoção.

Sai sentido,
Raciocínio,
Deixe o cérebro,
Confusão,
Deixe o dia,
Deixe a vida
Viver só com o coração.

Peripécias de uma viagem

Era noite e eu e minha família voltávamos de um prolongado passeio de 6 horas pela ilha de Florianópolis. Até aí tudo bem. Mortos de fome, paramos em um mercado para comprar nossa janta quando, depois de algumas brigas por conta de uma zarabatana de papel, minhas duas irmãs somem. Até que houve aviso prévio mas, se tratando de crianças de 11 e 12 anos, noite escura e uma cidade de ruas desconhecidas, consideramos tais palavras tanto quanto a existência da Fada do Dente.A fuga das duas inconsequentes provocou a ira geral -inclusive a minha, mesmo me considerando a mais calma da família.
Saimos de carro um pouco sem direção na esperança de encontrá-las no meio daquele breu que envolvia o emaranhado de ruas e alamedas da praia. Em uma das esquinas, eis as duas: caminhando sem rumo, distraidamente como se estivessem passeando sob a luz do dia. Tão-somente vimos elas, paramos o carro e nem as ameaças as fizeram aceitar nossa carona. Após não termos êxito, lá se vai a Natália -posta para fora do carro nem tão espontâneamente ¬¬ - mode on Segurança-Guia atrás delas. Por causa da teimosia de ambas, não pude sequer fazê-las cogitar a possibilidade de conduzi-las o mais breve para casa e tive que então acompanhá-las pelas longas e mal-iluminadas ruas da praia às 21:00, seguindo-as por meia cidade pelo caminho errado enquanto elas não davam o braço à torçer e me seguiam. As únicas palavras que me dirigiam eram para me perguntar o que eu fazia ali:
"-Por que tu veio atrás da gente? Não vai mudar nada..."
"-Porque é perigoso, vocês não sabem o caminho e pra vocês não fugirem!"
"-A gente não vai fugir e sabe o caminho, mas tu não vai poder fazer nada se alguém vier nos sequestrar!"
"-Claro que vou. Ninguém vai ousar chegar perto de vocês porque eu sou a pessoa mais mal-incarada da cidade e já vão pensar que é um sequestro, haha." :V
"-Ahahahahaha claro! Mas e se mesmo assim alguém vier? HÃN?!"
"-Eu pulo em cima da pessoa e ela nunca mais vai conseguir se levantar."
Iri.
Depois de muita relutância, enfim pude guiá-las pelo caminho oposto o qual seguíamos e chegamos em casa sem mais danos além da longa caminhada. Eu, com um buraco no estômago, para o aconchego do meu croissant e elas, com o ar de "estamos certas", para o "aconchego" das repreensões e castigo. Bem feito!