quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Invisível

Te vi naquele instante,
Parado, em minha fronte.
Às vezes te estranho,
Às vezes te entranho,
Mas ali, nada fiz.

Permaneci parada
Desvanecida da sua saturação.
Escondida, atrás do nada
Ouvindo sua respiração.

Em um segundo não me vistes
Em outros dois, reconheceu.
Mais três para aproximar-te
E uma eternidade ao lado meu.

domingo, 11 de maio de 2014

Por inteiro

E quando vi o seu luar
De mãos dadas com o meu amanhecer,
Descobri na sua felicidade
Que nunca sorri com tanta facilidade.

E a verdade no seu olhar
Me lembrou como respirar,
Então sanei a bronquite
Pois minha falta era um coração
Que de tão puro e doce,
Raro e leve,
Gigante e verdadeiro
Me ensinasse a amar
E ser feliz tão por inteiro.

sábado, 3 de maio de 2014

Diário da apaixonada

Avisto-o de longe
Enquanto veste-se com a noite
-E tudo de mais possível
há de acontecer por ali.

A lua sobe com sua descida
E desce de sonhos chegados.
Musico esta hora na minha lembrança
Desse passado quase presente
E desse futuro vindouro
Apressado e quente.

Sol raiar e uma trilha
Já desenhada para seguir
E seu sorriso ao fundo dela
Fenece as amarras
E me livra para sumir.

Desapareci sem contas a pagar
Ou marcas a deixar.
Somente aqueles corações
De mim poderão lembrar
E a marca do passado,
Do futuro,
É presente.

E agora eu não sou carne
Sou sua alma.
E o horário faz-se ausente
E a lua, presente
Nossos espíritos? Ardentes.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Retrato

Revejo todas as fotos
nelas, nem sempre sorrindo
e as palavras fugindo de mim.
Há algo que não deixa esquecer-me
mas retratos não fazem parte do meu dicionário
e as lembranças armazenam-se no meu manequim.

Toda vez que mudo a roupa
mudo a foto
e viro a página.
Hoje: romance, vida, alegria
amanhã quebro a cara, quebro caras,
no outro dia já não sei que me espera.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Phoenix de dois



Nasceu phoenix hoje em mim,
Fantasia do que sonhei
E acordei dentro de outrém:
Dois seres sem mero fim.

Sentia seu coração,
Seu respiro era o fogo do meu nascimento.
Sua visão, apenas sua,
Mas o que percebia, percebo eu antes.

Notei mundo diferente,
Olhos diferentes,
Prisão diferente...

Ora, eu phoenix, presa?
Ora, aonde me meti?
Abro as asas e sinto a carne
Abro o peito e liberto-me um pouco.

Assim recobro as esperanças.
Morro novamente para renascer em mim.
E, o que acontece:

Aquele corpo morre junto
E phoenix vira comigo.

Irmãos de alma,
Irmãos de corpo.

Gêmeos, deveras,
Um só coração.