terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chuva forte


Cai chuva:
Lenta, fria, resplandescente.
Bate forte:
Pulsa em mim, esfria o sangue ardente.

Molha o que tanto tempo quedou seco,
Molha e amolece esse duro coração.
Só assim essa dor,
Guardada há anos-mil aqui bem dentro,
Dissolverá em rios ardentes.

Essa tremenda dor
Abrirá caminhos por baixo da terra,
Alimentará seu longíquo núcleo
E calará que mais tenho em mim,
Que mais roubei de ti.

Perdão líquido que jorras em mim nesta hora,
Diáfano sentido recobrindo tantas feridas,
Abrí meu coração!
E fazei este ser frio de sangue ardente
Finalmente pessoa virar
E em brados frágeis
Nunca mais a ti machucar.

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