quarta-feira, 21 de março de 2012

Brincando de escrever






Vi a vida
Via vi, dá
Caminhos distintos
Cruzando um entrelaçado
Vi-a-vi-da

Diário de Dagmar - parte 3

A louca D’Albano

Mãe: Ainda cá meu filho escuta
És amigo de tua mãi?
Filho: Oh! minha mãe que pergunta
Mãe: Basta meu Paulo pois bem
Vae ver a velha Vicenca
O amor que um filho lhe tem.

Faz vinte annos... e dizendo
Tiro do peito um punhal
Que teu pae morreu a golpe
Com este ferro por meu mal
Eu devia vingal-o
Fiz uma júra fatal

Filho: Uma júra! Mãe santissima
Oh. minha mãe que júrou?
Mãe: Eu júrei por este sangue
Que em ferrugem se tornou
Que tu filho matarias
Este que a teu pae matou.
Mãe: filho Matas? Mato, aqui eu juro.
Mãe: Matas seja quem fôr?
Ainda que a vingança
Te roube do peito um amor?
Filho: mãe Ainda assim – Toma este ferro
Mãe: – É Ricardo o matador

Filho: Ricardo o pae de Maria?
Oh minha mãe perdoae.
Mãe: Pela amante o pae esqueces?
Filho ingrato! Parte vae.
Cumpre o jura ou te maldito
Se tu não vingas teu pae.

Nesta noite tinta o sangue
Com os cabellos no ar
O assassino de Ricardo
Vem aos pés da mãe lançar
O punhal sobre a qual júrára
De seu pai a morte vingar

Sorriu a mãe e contente
Abraçou o vingador
Mas de súbito aparece
Qual bella estatua da dor
Junto o grupo chorando
De Albano a cândida flôr.

Maria: Paulo meu Paulo! Vingança
Mataram meu pae não vez?

Estas lagrimas sentidas
Que derrama a teus pés?
Paulo meu Paulo vingança
Vinga-me por quem tu és.

Vi-o banhado em sangue
Assisti-lhe o grande fim
Quis falar-me mas não poude
Com os olhos feitos em mim
Expirou – Vingança eterna
Paulo vinga-me sim?

Paulo: Vingo da ira socega
Eu sei quem teu pae matou
Vae morrer com o mesmo ferro
Que inda pouco o trespassou
E dizendo estas palavras
O proprio peito cravou

Foge a triste espavorida
Sempre sem parrar
Entra em Roma o outro dia
Por toda a parte a gritar
Quem me matar por piedade
Quem me vem tambem matar?

Assim vagueou trez dias
Até o quarto endoideceu
Ainda hoje o viajante
Quando passa pelo Coliseu
Ve a triste as gargalhada
Vingança pedindo ao Céu.

Fim.

terça-feira, 13 de março de 2012

Duro corazón


Oye mi corazón,
El canto helado
Que trajo a ti esa pasión.
Sientad una piedra que casi no late
En el pecho que esconde roca tan dura
Pero sin enbargo mueve los ojos
Sólamente en dirección tuya.

As veces sientome en nube cuándo en tu lado,
Siquiera un volcán tírame del trance
De estar en tus manos;
Pero otras, sigo mi camino despacio al futuro
Olvidándome quién hay a mi lado
Hasta cualquer momento
Y cayendo en las trampas
De mi propria imaginación.

Mundos distintos,
Mundos lejanos,
Corazón en piedra,
Mente bailante.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ciclo de Pandora

Abro minha caixa de Pandora vez em quando.
De lá saem coisas boas e estranhas.
Minhas espinhas estão lá –Oh se estão – nesse instante.
De lá sai o infinito, disfarçado de horizonte.

Ali, as rosas conotam-se demais:
Uma chuva é avião
E uma briga, furacão.
Sempre há mais tempo para a curiosidade,
Nessa tamanha pequena caixa.

Às vezes Pandora abre-se por conta;
Groelomba que vem à tona,
Engole meu eu e deixa
Nessa terra devorada
Um ser estranho, corrupto,
Que não substitui o corpo que jaz livre
E um dia terá de voltar
Para reivindicar o que é seu.

Pandora enfim fecha-se e adormece.
E como um sonho, a qualquer momento,
Abrir-se-á outra vez.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Penso naquela tarde de outono.
A brisa morna,
Folhas amarelas,
Seu sorriso brilhante.

O cabelo que desarrumou,
Aquela dancinha que nos levou ao chão,
O sol batendo em seu nariz
E o céu azul refletido nos meus olhos,
Diafanando a camada espessa
Que insiste incobrir desejos meus.

Contigo naquele momento,
Permaneço onde sempre quis.
Campo aberto, dia comum,
Brisa e sol.
Echarpe ao vento
Corpos enleados
Bocas que se tocam.

Noite cai, trazendo o frio
E as nuvens que anunciam breu total.
Ainda estamos ali,
Fogueira que nos aquece
Consiste em dois corpos carcomidos
Tão radiantes em um passado qualquer,
Agora ali: raízes entrelaçadas,
Unidas à espera do astro-luz
Para devolver-lhes a vida
Em um novo raio de esperança
Que liga dois corações.

Bruma leve de outono
Devolva-nos o que a escuridão apagou.