sábado, 29 de dezembro de 2012

Conselho de escritor



Não é como um pingo d'água,
Tão leve e esgueiro.
Não passa correndo,
Mas não demora a ficar.

Essa é a vida,

Que pode ser de tantos jeitos.
Aprenda com ela
E com você ela aprenderá.

Tudo na vida tem o seu fim,

Início e meio,
Menos o amor:
Ele vem para ficar.

Não depende da vida,

Não sai do lugar.
Mas depende da vida
E cabe a você aprender a amar.

Se seu tempo for escasso

E a vida dura,
Há de preparar o jardim
E esperar. Florescerá.

Viva com vigor,

Ame sem pudor.
Agite, livre:
É meu conselho de escritor.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Floresta (Fuga)

Há um condomínio de árvores
Construído bem diante meus olhos.
Distraio o olhar dos arranha-céus verde-pinheiro
E me deparo com uma grande corrida
De bem-te-vis-caça
-Cada qual mais ligeiro.
Já sei o caminho deles:
Saem apavorados da floresta de pedras
Atrás da densa cidade plantada.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Só difícil

Meu coração sente às vezes que é difícil.
Acho que são minhas defesas,
Alguns linfócitos protegendo meus sentimentos.


Mas agonia-me resistir.
Agonia a distância,
Desassocia meus neurônios.


Já parei no pensamento
De uma ideia de ter-te
Abraçado em minha presença:
Corpo e alma.
Como seria?
Ah, comoção.


Fiz uma nota
E guardei sob minha pele:
Nota de saudade.
Sei que é inteiro meu
E não devo me preocupar.
Vejo em seus olhos todas as vezes,
Todas as vezes...


Mas sabe? Às vezes é só difícil.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Fábula (A vida)


Quero um dia contar uma história
Uma longa historinha
Que agrade a jovens e adultos
E que nada seja mentirinha.

Vou contar coisas da vida,
Dizer que é fábula, e será.
O que vivi e viverei
Na lembrança ficará.

Não só na minha, deveras,
Compartilho a vários alguéns.
Mas, quando tudo virar conto,
De minha palavra
Não duvidará ninguém.

Duendes, gnomos,
Elfos do além.
De minhas aventuras,
Não duvidará ninguém.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Comédia da desilusão

Desilusão de uma esperança
Que nunca existiu.
Ela via em uma porta
Falsa paisagem da verdade,
Só mais uma pintura realista.


Ela não sentia mais que um calafrio
E a vontade de perspassar aquela fronteira.
O medo a coagiu
A deletou,
A contraiu.
Um dia, ela foi com tudo:
Ah, que desiludida ficou!
Quando de cabeça se jogou
E ao solo quente se misturou
Ao ser rebatida por aquela tela dura
De algo que nunca existiu.


Ah, desiludida aquela garota!
De desespero, quebrou em cacos o que a feriu
E descobriu uma estrada feia.
Não tinha mais o que fazer,
Abandonara tudo o que era seu
E agora tinha que seguir.


Naquele tortuoso caminho
De nebuloso céu,
E árvores desfolhadas
Seguiu um bicho estranho
Que não vira jamais: morcego da tarde
Recolhendo-se ao escuro.
Chegando à longínqua caverna
Eis que cai e adormece.


Pobre desiludida, quer matar-se,
Acabar com seu sofrimento.
Entretanto em seu despertar
O céu abre
O mar visibiliza-se
E o raiar toma seu rosto novamente de rubor.
Alegria nasce com raizes profundas
No coração daquela que descreia
No que a era ofertado.


Desgastada, carcomida, resolve voltar a viver.
Com os pássaros e um novo amor,
Reaprende como à tristeza distorcer.



Tema por: Leonardo Cruz (http://acasoqualquer.blogspot.com.br/)

domingo, 14 de outubro de 2012

Nômade

Ando livre por aí,
Meu caminharé constante,
Minhas descobertas são frequentes.
Apenas uma nômade qualquer.

Sigo em frente, ciganeio
Uns e outros,
Balbucio
Notas graves e agudas
E pago de feiticeira.

Tantas coisas que aprendo
Nessa infinita viagem da vida,
Mas, em tantos lugares,
O que mais me marca
É a simples vitória
Dos sorrisos conquistados.

domingo, 23 de setembro de 2012

L'amour

Tanta gente nesse mundo
E eu apaixonada por você.
Sei de sua alma de baixo para cima
E de cima para baixo.
Faço mil histórias,
Canto sozinha
E mostro ao mundo o amor.


O amor para tantos é uma ferida,
Purulenta e dolorida
Mas digo sim que quem se engancha
Nas grades do amor, invisíveis,
Encontra em si uma marca -perene-
Que traz a maior felicidade do mundo,
Alegra e não suscita feridas.
Muitos buscam esse amor
E não encontram pois ele é improcurável,
Invisível,
Inexplicável.
E não sabem que ele nos encontra
E não abandona:
é Interminável.

domingo, 9 de setembro de 2012

Fim de inverno



E é no meio desse tiroteio
Que as lágrimas são arremessadas para o
alto
E voltam em forma de chuva.

domingo, 2 de setembro de 2012

Epifania de você

Eu, que sempre vivi sozinha,
Nunca compartilhei minha verdadeira dor.
Bordava sorrisos de mentirinha
Com agulhas de flor.

Eu, que via flores em tudo
Já não reparava
A secura de meu jardim.
Tantas flores desperdiçadas
Para não deixar correr para fora
Mi'as lágrimas de cetim.

Amigos sempre tive,
Riam comigo aonde fosse.
Sempre sequei suas lágrimas,
Mas as minhas, escondia atrás de meu doce.

Até que, n'um belo dia,
Jardineiro passou pelo meu jardim.
Como o viu eu não sei
Mas aproximou-se de mim.

Eu, que nunca amara
Apaixonei-me por quem regou minhas flores
E não deixou mais eu colhê-las;
Compartilhou meus horrores.

E então foi assim,
Nessa história sem fim,
Florescendo o jardim
Que escondia atrás de mim.
Mas quando a tristeza trazia a vontade
De arrancar uma flor,
Encontrava meu jardineiro, triste igual,
E consolávamonos juntos, banhados de amor.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Rapunzel

Vida de uma princesa
Guardada no castelo de seus sonhos.
Presa ao passado
Retida no presente
Provocando o futuro.

Sonolenta e bela carne
Sem sentir a luz do sol
Comenta seu passado
Ignora seu presente
Almeja seu futuro.

Na visita de sua única
Talvez não única
Esperança,
Sua mãe postiça
Sua fera enrustida,
Ela esquece do dia
Esquece da noite
E da solidão,
Só se vê na sua inspiração.

Mas quando o príncipe astuto
Resolve escalar sonhos revoltos
E adentrar abertura de incertezas,
Enfim a bela princesa sabe
Que o dia tão sonhado
O momento aguardado
Era não-mais do que aquele garoto esperto
E cheio de vitalidade.
Seu resgate, seu resguardo,
Sua vitória de tantas lutas sonhadoras.

Mostra-lhe o caminho
Da saída trancada por feitiço
E os dois aventureiros
Aprendem com o tempo a burlar-la
E enfim vêem-se no mundo real:
Tão fictício quanto o de sonhos
Mas com o final feliz
Mais belo que se podia imaginar.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Léxico


Com o X de Complexo
Risco a marca para o tesouro perdido;
E fico com o "Compleo",
Mas, na minha vida, uma palavra sem nexo
De nada vale para mim.
Pego o T da Terra,
Completo meu Completo
E sigo o rumo, que não Erra,
Atrás do tesouro que eu mesma marquei
Inventei
E persigo agora.

Au revoir,
Por lá devo ficar.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um poema para você

Só preciso olhar para dentro
Para enxergar você.
Toco em minhas vísceras
E encontro-lhe outra vez.


Nada fez para entrar
E, por lá, preso acabou por ficar.
És minha borboleta viva
Que me ensinou a voar,
És meu amuleto da sorte
Que me apresentou ao amar.


Uma alma de luz, meu alento
Brasa enérgica
Iluminando e recarregando
Minha alegria
Nos momentos de escura agonia.
Agradeço ao Todo-Poderoso
Pela sua vinda até mim.
Te amo de corpo e alma
E será assim até o fim.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Brilho da folha
Da árvore distante
Ilumina meu caminho
E acende minha mente.
Vou para o lado que pretendia
Mas nunca desvio o olhar
Daquela pequena folha
Cintilante
A me guiar.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

História dos dias


Tenho dois minutos para decifrar o suspiro da noite,
Tenho uma vida para desfrutá-la
E um sol todinho meu depois de tudo isso.

Procuro o melhor penhasco e o maior arco-íris
Mas deste desisto, esconde-se no escuro.
Saio eu e penhasco à procura da resposta.
Subimos, descemos,
Paramos e filosofamos.
Nada.

Deitados com a terra em nossas cabeças
Uma voz grave soa suavemente em nossos ouvidos
Dizendo que, por não encontrar o dia
Noite suspirava desesperada.
Por isso Lua era iluminada pelo Sol,
Mas que, em período de Nova
-Encontrávamo-nos ali,
Lua ficava sozinha novamente
E clamava pelo sol
Que descansava sete dias
Até ser amparado novamente
Pelo seu grande amor.


Madrugada desceu,
Segundos passaram,
Dia surgiu.
Meu tempo acabou,
Penhasco à Terra voltou
E eu, parada admirando o redentor da Lua
Abasteço-me de energia
Para mais um ciclo suplantar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Meu amor

Às vezes sinto medo;
Um medo bobo, pueril
De que o que se criou
Escorra ralo abaixo.


Entristeço-me, fico encabulada
De pensar tais asneiras.
Resolvi meus receios em um toque:
Guardei todo meu bem valioso
Às sete chaves, no armarinho do meu

coração.
Lá, pode ser admirado, tocado, utilizado.
Só não pode ser tirado.
Por quê?
Oras, amor depois que entra
Não se quer, nem sai nunca mais.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Espaço da mente

Os galos acordam-me de meus devaneios
Só para dizer "bom dia".
Ainda não é dia, de acordo?
Mas agradeço a vocês
Por me inserirem à realidade,
Pois a mesma
Da minha cabeça
Necessita de espaço;
Sou muito ciumenta com ela.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fora da redoma

Ffiz uma casinha no meio de meus sonhos
Meu redoma de amor.
Escondi-me nele por tanto tempo
Mas uma tempestade o levou.
Era uma refugiada no meio do desconhecido
Que fui descobrir ao perder meu abrigo. que dó.
Passeei por aquele lugar encantado
E de mais amor e vida me recheei.
Aprendi a viver livre então
Sabendo onde achar que me fortalece.
Meu abrigo? por aí o vejo voando
Descobriu, como eu, forma de se libertar
Para a felicidade real no meio da utopia.
A realidade está no meu sonho.
Prendi vocês. Vivam de amor comigo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Abatendo o delírio

Lisergia que acorda os famintos olhos
Cansados de esperar pela realidade desse lampejo
De ver a chuva bater sem ferir
Incendeia minha verve.
Fito o relâmpago, arremessam-me estacas,
O incerto machuca, o incerto abate.
Dum instante ao outro todo esse imaginário dissipa-se
Junto com a neblina que embassa e confunde a visão
Que faz pensar que a chuva não dói.
A chuva dói, sim
Mas podemos evitá-la.
Podemos amar, e assim cobrir-nos impermeáveis.
Mas a neblina que ainda hoje me fez deixar a sanidade
Volta quando lhe dá vontade
E apenas um outro olhar faminto e talvez nem tão cansado
Pode levar-me onde a neblina não bate,
Levar-me às nuvens,
Fenecer minha tensão.
Abater-me dos lampejos,
Apagar a escuridão.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ao acordar de você

Hoje sonhei com você.
Estávamos em uma corrida, uma grande maratona.
Passei de você; dei de encontro ao chão.
Lágrimas correram tímidas
Dando de encontro em uma generosa mão estendida
À espera de um rosto rosado
E dedos esfolados impulsionando o corpo  dolorido.
Hoje acordei com falta de você.
Tropeçamos pelo impulso no sonho e rolamos até o infinito,
Amamo-nos, sob o céu boreal que surgiu  repentino.
Derretemos, acordei sem você.
Hoje preciso retornar ao sonho,
Achar você acordada,
Novamente derreter
E viver de amor e querer.

segunda-feira, 7 de maio de 2012





Te conheci há uns anos
Você se tornou apenas uma amiga
Mas com o passar do tempo
Descobri essa paixão escondida

Sem ao menos entender eu me afastei
Quando vi que estava errado
Retornei rápido para não te perder
Te conquistei sem ao menos perceber

Disse que não queria nada
Mas se confundiu
Descobriu que me amava

F.A.A.J. <3'

terça-feira, 24 de abril de 2012

Outono frio

Frio batendo no dorso frágil,
Espera inacabável por um ser que não vem.
Fico aqui, trêmula e calada
À procura desse outrém.

O lugar é belo, há árvores vazias,
Um campo morto vasto
E aves de rapina.


Avistei o meu amor:
Bem longínquo ele vinha.
Desembacei o óculos, manchado do vento frio
De pronto sumiu,
Pus-me sozinha.


Adormeci naquela neblina gelada
Que anunciava a noite breve
Dedos roxos, boca seca,
Coração fremitando, alma leve.


Enredei-me em umas folhas,
À paisagem integrei.
Hipotérmica, morrediça,
Simplesmente congelei.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Onde vivi

Hoje vi tantas coisas
Que nem sei se vivo mais.
Aquarelas de insetos putrefatos,
Incensos de alcatraz.

Colori minha rua com tudo isto,
Pilhas e pilhas de lixo joguei ali.
Um mundinho pueril em desalinho,
Sonhos de um dia:
Escondidos. Ali; bem ali.

Um dia alguém juntará tudo isto,
Afinal, quem não quer reviver o passado?
Enquanto o café faz efeito em meus nervos,
Gente de todo o canto -
Churrasco vivo fugindo da morte -
Revirando o lixo, limpando que bagunçei,
Procura com veemência
Aquele sonho. Dali, dali.

Nada verão, só eu verei.
Aqueles insetos ainda para mim são aquarela.
Mundo bonito em que me encontro,
Mas o caminho não revelarei a ninguém.
Apenas a você, não leve a mal.
Feche os olhos
E abra a mente.
Junte palavras,
Não recolha o lixo.
Ali, somente ALI, estará aquela cidade,
A cidade bela em que vivi.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Nuvem de alma.

Hoje senti o vento
Batendo suavemente em mim.
Em uma voraz nesga de mundo
Um tanto ufano - confesso-
Amorfa pus-me de pronto.

Fui nuvem, fui plasma
E tantas pessoas
Que quase uno-me
A essa metamorfose mental
E estabeleço-me ali.

Um forte baque
Em algum gongo
No outro lado da Terra
Dispara meu coração,
Traz de volta meu sangue.
-Era um trovão, o que me diz?
Presságio para fechar
Uma outra vez os olhos
E abri-los - ou não
Em um corpo sem forma
De vez.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Brincando de escrever






Vi a vida
Via vi, dá
Caminhos distintos
Cruzando um entrelaçado
Vi-a-vi-da

Diário de Dagmar - parte 3

A louca D’Albano

Mãe: Ainda cá meu filho escuta
És amigo de tua mãi?
Filho: Oh! minha mãe que pergunta
Mãe: Basta meu Paulo pois bem
Vae ver a velha Vicenca
O amor que um filho lhe tem.

Faz vinte annos... e dizendo
Tiro do peito um punhal
Que teu pae morreu a golpe
Com este ferro por meu mal
Eu devia vingal-o
Fiz uma júra fatal

Filho: Uma júra! Mãe santissima
Oh. minha mãe que júrou?
Mãe: Eu júrei por este sangue
Que em ferrugem se tornou
Que tu filho matarias
Este que a teu pae matou.
Mãe: filho Matas? Mato, aqui eu juro.
Mãe: Matas seja quem fôr?
Ainda que a vingança
Te roube do peito um amor?
Filho: mãe Ainda assim – Toma este ferro
Mãe: – É Ricardo o matador

Filho: Ricardo o pae de Maria?
Oh minha mãe perdoae.
Mãe: Pela amante o pae esqueces?
Filho ingrato! Parte vae.
Cumpre o jura ou te maldito
Se tu não vingas teu pae.

Nesta noite tinta o sangue
Com os cabellos no ar
O assassino de Ricardo
Vem aos pés da mãe lançar
O punhal sobre a qual júrára
De seu pai a morte vingar

Sorriu a mãe e contente
Abraçou o vingador
Mas de súbito aparece
Qual bella estatua da dor
Junto o grupo chorando
De Albano a cândida flôr.

Maria: Paulo meu Paulo! Vingança
Mataram meu pae não vez?

Estas lagrimas sentidas
Que derrama a teus pés?
Paulo meu Paulo vingança
Vinga-me por quem tu és.

Vi-o banhado em sangue
Assisti-lhe o grande fim
Quis falar-me mas não poude
Com os olhos feitos em mim
Expirou – Vingança eterna
Paulo vinga-me sim?

Paulo: Vingo da ira socega
Eu sei quem teu pae matou
Vae morrer com o mesmo ferro
Que inda pouco o trespassou
E dizendo estas palavras
O proprio peito cravou

Foge a triste espavorida
Sempre sem parrar
Entra em Roma o outro dia
Por toda a parte a gritar
Quem me matar por piedade
Quem me vem tambem matar?

Assim vagueou trez dias
Até o quarto endoideceu
Ainda hoje o viajante
Quando passa pelo Coliseu
Ve a triste as gargalhada
Vingança pedindo ao Céu.

Fim.

terça-feira, 13 de março de 2012

Duro corazón


Oye mi corazón,
El canto helado
Que trajo a ti esa pasión.
Sientad una piedra que casi no late
En el pecho que esconde roca tan dura
Pero sin enbargo mueve los ojos
Sólamente en dirección tuya.

As veces sientome en nube cuándo en tu lado,
Siquiera un volcán tírame del trance
De estar en tus manos;
Pero otras, sigo mi camino despacio al futuro
Olvidándome quién hay a mi lado
Hasta cualquer momento
Y cayendo en las trampas
De mi propria imaginación.

Mundos distintos,
Mundos lejanos,
Corazón en piedra,
Mente bailante.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Ciclo de Pandora

Abro minha caixa de Pandora vez em quando.
De lá saem coisas boas e estranhas.
Minhas espinhas estão lá –Oh se estão – nesse instante.
De lá sai o infinito, disfarçado de horizonte.

Ali, as rosas conotam-se demais:
Uma chuva é avião
E uma briga, furacão.
Sempre há mais tempo para a curiosidade,
Nessa tamanha pequena caixa.

Às vezes Pandora abre-se por conta;
Groelomba que vem à tona,
Engole meu eu e deixa
Nessa terra devorada
Um ser estranho, corrupto,
Que não substitui o corpo que jaz livre
E um dia terá de voltar
Para reivindicar o que é seu.

Pandora enfim fecha-se e adormece.
E como um sonho, a qualquer momento,
Abrir-se-á outra vez.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Penso naquela tarde de outono.
A brisa morna,
Folhas amarelas,
Seu sorriso brilhante.

O cabelo que desarrumou,
Aquela dancinha que nos levou ao chão,
O sol batendo em seu nariz
E o céu azul refletido nos meus olhos,
Diafanando a camada espessa
Que insiste incobrir desejos meus.

Contigo naquele momento,
Permaneço onde sempre quis.
Campo aberto, dia comum,
Brisa e sol.
Echarpe ao vento
Corpos enleados
Bocas que se tocam.

Noite cai, trazendo o frio
E as nuvens que anunciam breu total.
Ainda estamos ali,
Fogueira que nos aquece
Consiste em dois corpos carcomidos
Tão radiantes em um passado qualquer,
Agora ali: raízes entrelaçadas,
Unidas à espera do astro-luz
Para devolver-lhes a vida
Em um novo raio de esperança
Que liga dois corações.

Bruma leve de outono
Devolva-nos o que a escuridão apagou.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Carrossel dos sonhos


Estranho o caminho em que me encontro...
Sempre vi luz, agora não.
Só os discos de cor que alumiam
A treva e a escuridão.

Findo la carretera:
Circo encontro enfim.
Seus encantos e harmonia
Bastam para cessar meu antigo pranto
E sossegar a criança que há em mim.

Passei por trilhas tortuosas
Para saber do meu destino,
E agora encontro-me aqui:
Perdido, tranquilo.

Embarcarei no carrossel dos sonhos
E aguardarei meu fim.
Definhando em um mundo bom,
Pelo menos a alegria
Abastecerá o encanto
Que preciso para não deixar de existir.




Título por Rodrigo Vasques

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chuva forte


Cai chuva:
Lenta, fria, resplandescente.
Bate forte:
Pulsa em mim, esfria o sangue ardente.

Molha o que tanto tempo quedou seco,
Molha e amolece esse duro coração.
Só assim essa dor,
Guardada há anos-mil aqui bem dentro,
Dissolverá em rios ardentes.

Essa tremenda dor
Abrirá caminhos por baixo da terra,
Alimentará seu longíquo núcleo
E calará que mais tenho em mim,
Que mais roubei de ti.

Perdão líquido que jorras em mim nesta hora,
Diáfano sentido recobrindo tantas feridas,
Abrí meu coração!
E fazei este ser frio de sangue ardente
Finalmente pessoa virar
E em brados frágeis
Nunca mais a ti machucar.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fusão bailante


Alegria da dança.
Vejo dois jovens tão felizes
Entrelaçando-se e separando
Numa frenesi hipnótica;
Paro a uma distância
A admirar aquele fresco ritmo,
O alegre badalar.
Em um sopro
Dum vento não-tão-distante
Minhas duas fitas bailantes
Chocam-se numa batida una,
Olham-se
Beijam-se
E desde ali
Não vi jamais aquelas duas fitas
Mas uma coisa só

A fusão dos amantes bailantes,

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Adeus

Dias felizes: Abismo do sal.
Água que corre, peito que jorra,
Coração liquefeito.

Um "adeus" não é suficiente
Quando alguém se vai.
Quando a culpa abate,
Pobre travesseiro,
Não se deixa em paz.

Hoje sem ti

Desanuvio este pobre sentimental
Ao escrever carta para você.
Agradeço cada parte de seu ser
E a felicidade de ti, ao lado ter tido.

Sem hipocrisia, senti o gosto da amarga tristeza,
Mas preciso ser forte,
Meu casco apóia grande causa.

Como a vida é fugaz,
Como seu fio está fragilmente preso,
Como sua presença
Deixará um grande vazio...
Jamais ocupado,
Jamais ocupado.

Acredite no que escorre de mim
Meu anjo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Só mais uma volta



Estrelinhas nadam em meu redor,
Anjinhos mostrando onde devo ir.
Sigo o rumo da estrada iluminada
Fora dela, só escuridão.
Com os sininhos dos anjos modero meus passos
Até chegar em um destino nem-tão-vão.
Onde será que me levam?
Que me espera de lá?
Não importa, nada me importa.
Pois o que soa fora de mim
Despende-se do luar;
Meu belo e precioso luar.
Enquanto me guiar,
Não temo em delírio sufocar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vontade de escrever até serrar a ponta dos dedos. Afinal, o que escreve é a mente. O físico é o físico.
CRSASHH.
Fecho os olhos
Vejo o seu lindo rosto
Lágrima desce
Saudade imensa de você
Meu coração fica triste
Ao perceber que não existe
Essa paixão forte
Que apenas me iludiu
De um amor
Que jamais existiu.



F.A.A.J.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Diário de Dagmar - pte. 2

Ingratidão


Por uma solitaria e triste estrada
Caminhava descuidada certo dia
Quando avisto pouco ao longe uma figu
Que para mim se dirigia.

Uns andrajos o corpo lhe envolvia
Um pavor no semblante se notava
Em seus labios o riso se não via
Nem nos olhos o brilho centillava.

Essa figura triste e macilenta
Que a magra mão a todos estendia
Em vez de bemdizer guardava
Com um sinistro punhal agradecia.

Quem és, e por que assim procedes?
Não te lembras de Deus? Judeu errante
Não sabes de outro modo agradecer
Senão dessa maneira horripilante?..

-Não! E um riso de cynismo
Deixou nos brancos labios percorrer
-Ate com Deus eu assim ja procedi
E assim eternamente heide viver...
-Pago o bem com o mal e das maozinhas
Do inocente que beija eu tiro o pão
Recebo um pavor logo me esqueço
-Mas quem és tu?
Eu sou a Ingratidão.

---

Linguagens dos beijos


Dizem que o beijo na mão
Fallam de amor e respeito!
Nos olhos dizem paixão
Quando são dados com geito

Nos cabellos – incerteza
Ciumes queixa e dor
Na testa dizem pureza
Na face fallam de amor

No queixo só fingimento
São dados de má vontade
Em vez de gozo é tormento.
Nos braços liberdade

Nos dedos indiferença
No pescoço muito ardor
São beijos cheios de crença
São beijos de muito amor

Na boca minha querida
São dados de coração
Dizem tudo nesta vida
Amor, ciumes e paixão

Passarinho



Passarinho na minha cabeça
Pia a pura e clara paixão,
Voa alto, enviesa
E leva pra lá solidão.

Voa n’ampla mente qu’o abriga,
Saca pensamento vão.
Bate asa, arrepia
E leva pra lá solidão.

Vez ou outra ele sai,
Acha a fenda, pede perdão.
Mas jamais se esquece
De levar pra lá solidão.

Pia pia; pés ao chão.
Bate a asa, bate o vento
E sempre volta co’a canção.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Diário de Dagmar - pte. 1

Bem, hoje em uma arrumação achou-se o diário de minha queridíssima bisavó, Dagmar von Poser. Seus poemas lindíssimos encantam-me desde que peguei pela primeira vez este pequeno livro em mãos. Resolvi redigi-lo e postar algumas de suas obras aqui, para evitar perdas futuras. Disfrutem destas palavras, datadas em sua grande maioria de 1927.


Juramento

Jurei dentro de meu peito
De bem sempre te querer
Meus juramentos não quebram
Heide amar-te até morrer.

Pode o astro luminoso
O seu brilho perder
Mas eu deixar de amar-te
Isso não, não pode ser.

Pode o ceo baixar a terra
E a terra em fogo arder
Mas eu deixar de amar-te
Isso não, não pode ser.

Sem grandeza e sem fortuna
Também se pode viver
Mas sem gozar teus carinhos
Isso não, não pode ser.

Fim.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nova Phoenix


Da tocha surge esta flor.
Seu olor, resplandecendo o amor que brota de seu pólen
Nessa mecha da bruma vespertina,
Sua cor, encarnado como o fogo que lá jazia
Acariciando aqueles olhos de menina.

Fênix renascida das chamas
Enlea os olhares a suas pétalas,
Mergulha na alma de seus admiradores
E encanta a mais pura serva
De seus poderes restauradores.

Quisera ser uma flor
Nascida de modo comum.
Cessou a chama, caiu a luz
Rosa nasce, poder e cor,
Para provar ao mundo
Que o simples pode ser o ápice também
Nessa escuridão que banha a noite.
Lua nova, nua, nova.

Garotinha que encanta-se com a pequena flor,
Aproxime-se.
Não tenha medo
De embrenhar-se no breu
Para deleitar-se com simples pétalas cintilantes
Que podem renascer o maior amor.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Fora do espelho

Escreve uma linha-pára-pensa duas.
Fulgura tanta paixão, alimenta com doçura.
No misto de emoções só vê sua própria ternura.
Coitado, não fica a par
De quem tanto lhe procura
E sofre de amargura
Pela reclusa desse ser-morto.
Abre-te a ti e foge desse espelho!
Faça sorrir e graceja esse enamorado que toma-se de desejo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Azul, meu mar azul.

Azul, meu mar azul,

Vermelho como o sangue que passa em meu coração,

Preto, não chego a ver solidão.

Amo, amo o mar que despeja em mim,

Minha cabeça enlea-se em ti

E a arquitetura do véu das cidades

Enreda meus sentidos

E constrói minha mente,

Abre-se perante os olhos

E joga-se em meu coração.

Mar, tão azul e tão construído

Em minha canção.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Errônea



Vejo a escuridão
No retumbado de palavras silenciosas.
Penso profundezas
E absorvo o que resta de teu ser.
Sei o que me fazes sentir,
E assim mesmo procuro a profusão da tua alma em mim.
Já não sei mais se devo falar,
Talvez não, as feridas ainda são recentes.
Perdoe-me por ainda amá-lo
E mesmo assim não corresponder às expectativas.
Perdoe-me por fazer-me presente
E estender essa estaca a teu peito
Mais uma vez,
Só mais uma vez.
Não sei o que fazer,
O silêncio me chama.

Por você


Um dia falei a mim mesma,
quando cri
em palavras de um outrém
bramadas a anos-luz
de minha realidade,
que não talvez fosse amar.

Tempo passou,
às esmas fiquei
de um corpo que quedou
e a alma que levei.

Hoje encontro-me aqui,
na iminência de cair
em um abismo que criei.

Nunca imaginei
que algo principiado tão ínfimo
poderia me aprisionar,
reconfortar,
desproteger.

Pensar que a tensão me assumiria
e estaria a apartar
esse coração
que louco está a bater
não estava nos meus belos planos.

Apenas tente não sufocar
essa vida
que vive também para você.

O rio finalmente
converteu-se em mar.
Estou a entregar
o amuleto meu-ser.

Cuide onde vai guardar,
tente proteger
e faça por merecer
a confiança que dou a você.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Insandecida



Ainda que eu tente apagar,
Sua lembrança me rejuvenescerá.
Ainda que eu procure ignorar,
Minha mente clama em lhe falar.

Como viver sem você
Se vivi tanto tempo
Co'a minha mente desbravando a sua,
Captando olhares, desmontando enigmas..?

Como falar de você
Se o que sai de mim já é seu..?

Como não deixar de entristecer
Quando vi que o que foi
Talvez não seja mais meu...

...?

Avise-me o modo de voltar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sepultura


Sepulto o medo vão de sofrer
Em terras firmes, que prenderão meu pesar;
Alinhando ao anseio de viver,
Momentos tristes hão de passar.
À principal, sepulto a imensidão de não amar você,
E dilacero as horas que aguardo chegar:
Calada, armada,
Fechando os olhos, ao aguardar a badalada.